quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

[14.2] [17.1.19] CONTRA O ABUSO NOS MEIOS ESPIRITUAIS/O caso João de Deus

[14.2]

Eu espero - e acredito - que ela esteja escondida, melhor assim.

https://revistamarieclaire.globo.com/Noticias/noticia/2019/02/sabrina-bittencourt-mulher-que-ajudou-desmascarar-joao-de-deus-comete-suicidio.html

https://www.cartacapital.com.br/sociedade/sabrina-bittencourt-que-denunciou-joao-de-deus-comete-suicidio/

++

[17.1.2019]

Se você se sentir confortável favor divulgar:

O caso João de Deus




--

CONTRA O ABUSO NOS MEIOS ESPIRITUAIS
www.coamebr.tk

--

GRUPO VITIMAS UNIDAS

--

chegadeabuso.org (redireciona)

--

Sabrina Bittencourt:

sa.bittencourt@protonmail.com

-

vitimas-unidas@hotmail.com

*

contato estelar

============================.

https://revistamarieclaire.globo.com/Noticias/noticia/2019/02/sabrina-bittencourt-mulher-que-ajudou-desmascarar-joao-de-deus-comete-suicidio.html

Notícias 03.02.2019 - 10h18 - ATUALIZADO ÀS 04.02.2019 16h13 | por FERNANDA MOURA GUIMARÃES
Morre Sabrina Bittencourt, mulher que ajudou a desmascarar João de Deus, dizem ativistas
"Ela deu o último passo pra gente poder viver. Eles mataram minha mãe", escreveu o filho de Sabrina no Facebook, alegando que a ela teria cometido suicídio

Ativista social e uma das mulheres que ajudou a desmascarar abusos sexuais de João de Deus e Prem Baba, Sabrina Bittencourt, 38, teria cometido suicídio no sábado (02/02), segundo ativistas e fontes próximas à vítima. Uma nota de falecimento comunicada à imprensa e assinada por Maria do Carmo Santos (presidente da ONG Vitimas Unidas, com a qual Sabrina trabalhava) na manhã deste domingo (03/02) confirmava a morte da mulher.

Procurado por Marie Claire, o Consulado Brasileiro em Barcelona afirmou que não poderia dar informações sobre nenhum residente brasileiro sem prévia autorização dos familiares. As autoridades espanholas até agora não confirmaram o suicídio ou a morte de Bittencourt.
saiba mais

Holandesa que denunciou João de Deus fala de trajetória: "Foi um choque ser abusada pela pessoa em quem confiei para me curar"

"O grupo Vítimas Unidas comunica com pesar o falecimento de Sabrina de Campos Bittencourt, ocorrido por volta das 21h deste sábado, 02 de fevereiro, na cidade de Barcelona, na Espanha, onde vivia. A ativista cometeu suicídio e deixou uma carta de despedida relatando os porquês de tirar sua própria vida. Pedimos a todos que não tentem entrar em contato com nenhum integrante da família, preservando-os de perguntas que sejam dolorosas neste momento tão difícil. Dois dos três filhos de Sabrina ainda não sabem do ocorrido e o pai, Rafael Velasco, está tentando protegê-los. A luta de Sabrina jamais será esquecida e continuaremos, com a mesma garra, defendendo as minorias, principalmente as mulheres que são vítimas diárias do machismo. Agradeço o apoio de todos", diz a nota divulgada por Maria do Carmo Santos.

No sábado (02/02), às 20h05, Sabrina escreveu um post em sua conta no Facebook em que fala sobre sua vida, a luta pelas mulheres e minorias e que logo se uniria a Marielle Franco, vereadora carioca assassinada no Rio de Janeiro em março de 2018. "Marielle me uno a ti. Eu fiz o que pude, até onde pude. Meu amor será eterno por todos vocês. Perdão por não aguentar, meus filhos", diz um trecho da carta que Sabrina teria deixado aos familiares.

Ativismo

De família mórmon, Sabrina foi abusada desde os 4 anos por integrantes da igreja frequentada pelos pais e avós. Aos 16, ficou grávida de um dos estupradores e abortou. Bittencourt se dedicou à militância por vítimas de abuso por líderes religiosos, dentre eles Prem Baba e João de Deus. Ela é uma das criadoras da plataforma Coame, sigla para Combate ao Abuso no Meio Espiritual, ferramenta que concentra denúncias de violações sexuais cometidas por padres, pastores, gurus e congêneres. Sabrina ajudou, principalmente, as vítimas de abuso sexual de João de Deus, investigando as acusações junto à imprensa. A ativista também auxiliou a filha do próprio médium, Dalva Teixeira, na denúncia contra o pai por abuso.
saiba mais

Filha de João de Deus diz que foi abusada dos 10 aos 14 anos de idade

Em relato em primeira pessoa feito em dezembro de 2018 à Marie Claire, Sabrina -- que dizia sofrer de câncer linfático -- contou sobre a vida de abusos e como se tornou uma das principais vozes e forças de apoio a vítimas de violência sexual, principalmente dentro de grupos religiosos. Alvo de ameaças de morte, ela vivia fora do Brasil e se mudava frenquentemente.

Caso João de Deus

Sabrina fazia parte do grupo Somos Muitas, que no ano passado, divulgou uma série de acusações de abuso sexual que teriam sido praticados pelo médium João Teixeira de Faria, 76, mais conhecido como João de Deus, em Abadiânia, interior de Goiás. Com as informações coletadas pelo grupo e com a ajuda de Sabrina, o MP do estado instaurou a própria força-tarefa e denunciou o líder espiritual, com uma prisão sendo decretada no dia 16 de dezembro.

Em janeiro, Sabrina também apresentou outra denúncia ao Ministério Público sobre o suposto envolvimento de João de Deus em casos de tráfico internacional de bebês e escravização de mulheres.

A seguir, leia um trecho do post de Sabrina publicado em seu perfil no Facebook na noite de sábado (02/02):

"Marielle me uno a ti. Somos semente. Que muitas flores nasçam dessa merda toda que o patriarcado criou há 5 mil anos! Eu fiz o que pude, até onde pude. Meu amor será eterno por todos vocês. Perdão por não aguentar, meus filhos. USEM A SUA PRÓPRIA VOZ. A SUA PRÓPRIA VONTADE. TOMEM AS RÉDEAS DE SUAS PRÓPRIAS VIDAS E ABRAM A BOCA, NÃO TENHAM VERGONHA! ELES É QUEM PRECISAM TER VERGONHA. (...) Gabriela Manssur, muito obrigada por me fazer ter esperança de que elas serão ouvidas e atendidas em suas necessidades. João de Deus, Prem Baba, Gê Marques, Ananda Joy, Edir Macedo, Marcos Feliciano, DeRose Pai, DeRose filho, todos os padres, pastores, bispos, budistas, espíritas, hindús, umbandistas, mórmons, batistas, metodistas, judeus, mulçumanos, sufis, taoístas, meus familiares, Marcelo Gayger, Jorge Berenguer, eu desconheço a sua infância e a sua criação pelo mundo, mas sei no meu íntimo que TODO MENINO NASCEU PURO e foi abusado, corrompido, machucado, moldado, castrado, calado, forçado a fazer coisas que não queria, até se converter talvez, cada um à sua maneira, em tiranos manipuladores (em maior ou menor grau) que ao não controlar os próprios impulsos, tentam controlar a quem consideram mais frágil e assim praticam estupros, pedofilia, adicções diversas... Eu sei, eu sinto, eu vi. Mas ainda assim, preferi SEMPRE ficar do lado mais frágil nesta breve existência: mulheres, crianças, idosos, jovens, povos originários, afrodescendentes, refugiados, ciganos, imigrantes, migrantes, pessoas com deficiência, gays, pobres, lascados, fudidos, rebeldes e incompreendidos... (...) Aos meus amigos, amadas e amantes, nos encontraremos um dia! Sintam meu amor incondicional através do tempo e do espaço. SIM e FIM."

Atualização em 04 de fevereiro

O grupo Vítimas Unidas havia informado que Sabrina morreu em Barcelona, mas seu filho, Gabriel Baum informou mais tarde no domingo (03), por meio de seu perfil no Facebook, que a mãe morreu no Líbano. "Nos despedimos em Paris, ela viajou para Barcelona por uns dias para criar a Rede de Proteção para Brasileiros do Exílio e voltou para o Líbano com a namorada dela. Era um dos países que ela amava! Minha mãe pediu para ser enterrada debaixo de sua oliveira onde ela tinha paz para escrever seus livros junto com os desenhos que eu, meus irmãos e um monte de crianças dos países que ela passava fizemos pra ela e as cartas de amor que recebeu durante a vida. Esse era o tesouro dela. As boas palavras e intenções das pessoas! Minha mãe foi livre e deixaremos ela livre até o final."

============================.

https://www.cartacapital.com.br/sociedade/sabrina-bittencourt-que-denunciou-joao-de-deus-comete-suicidio/

A ativista tinha 38 anos e morava em Barcelona

Sabrina Bittencourt, a ativista que desmascarou os abusos sexuais de João de Deus e do guru Prem Baba, cometeu suicídio no sábado 2. A morte de Bittencourt, que tinha 38 anos, foi confirmada em nota por Maria do Carmo Santos, presidente da ONG Vítimas Unidas.

“O grupo Vítimas Unidas comunica com pesar o falecimento de Sabrina de Campos Bittencourt ocorrido por volta das 21h deste sábado, 02 de fevereiro, na cidade de Barcelona, na Espanha, onde vivia. A ativista cometeu suicídio e deixou uma carta de despedida relatando os porquês de tirar sua própria vida. Pedimos a todos que não tentem entrar em contato com nenhum integrante da família, preservando-os de perguntas que sejam dolorosas neste momento tão difícil. Dois dos três filhos de Sabrina ainda não sabem do ocorrido e o pai, Rafael Velasco, está tentando protege-los. A luta de Sabrina jamais será esquecida e continuaremos, com a mesma garra, defendendo as minorias, principalmente as mulheres que são vítimas diárias do machismo”.

➤ Leia também: Entenda o gaslighting, estratégia de defesa de João de Deus

Antes de cometer suicídio, Bittencourt escreveu um post de despedida no Facebook: “Marielle me uno a ti. Eu fiz o que pude, até onde pude. Meu amor será eterno por todos vocês. Perdão por não aguentar, meus filhos.”

Nascida em uma família mórmon, a ativista foi abusada desde os quatro anos de idade por integrantes da igreja frequentada pela família. Aos 16, ficou grávida de um dos estupradores e abortou. Bittencourt dedicou a vida a militar por vítimas de abuso e a desmascarar líderes religiosos, entre eles Prem Baba e João de Deus.

Em dezembro do ano passado, a ativista concedeu uma entrevista a Fred Melo Paiva, editor de CartaCapital, no qual relata a sua história de vida e a sua atuação nas denúncias de líderes religiosos que cometem abuso. Ela prometia desmascarar outras 13 lideranças neste ano.
Releia o relato:

“Não importa o que fizeram com você”, disse Jean-Paul Sartre, “importa é o que você faz com aquilo que fizeram com você”. Fosse vivo, o existencialista francês encontraria na ativista paulistana Sabrina de Campos Bittencourt umas das histórias mais interessantes a encaixar-se em sua frase famosa.

De família mórmon, Sabrina foi abusada desde os 4 anos por integrantes da igreja frequentada pelos pais e avós. Aos 16, ficou grávida de um dos estupradores. Abortou. Hoje, aos 37, mãe, milita numa causa ao mesmo tempo universal e particular: labuta na organização e preparação de denúncias contra líderes religiosos abusadores, para os quais seria melhor evitar a incontornável ideia do santo do pau oco.

De sua parte, prefere “psicopata” e “predador sexual”, entre outras menos lisonjeiras. Bittencourt é a mulher por trás das centenas de denúncias de abuso contra João de Deus e Prem Baba. Sob sigilo, prepara o material a desmascarar outros 13 gurus espirituais brasileiros.

Filha de imigrantes uruguaios e espanhóis, ela é uma ativista reconhecida internacionalmente, experimentada em agruras diversas.

Envolveu-se na busca por crianças desaparecidas no Brasil, lidou com jovens carentes acometidos de problemas renais, trabalhou com crianças cegas, surdas e mudas em países da África, defendeu indígenas ameaçados no México.

Bittencourt foi no encalço do guru Prem Baba (Foto: Yasuyoshi Chiba/AFP)

Foi eleita por unanimidade para um posto de direção no Partners of the Americas, uma das maiores organizações de voluntários do mundo. Especializou-se no então nascente conceito do empreendedorismo social, aquele que permitiu ao Terceiro Setor livrar-se do assistencialismo e ganhar dinheiro para o financiamento de suas atividades.

Em 2013, assoberbada por mais de 30 projetos sociais em quatro continentes, foi atingida por uma amnésia que lhe apagou 11 anos de memórias. Virou, por isso, personagem do Fantástico.

Bittencourt é uma das criadoras do “movimento” Coame, sigla para Combate ao Abuso no Meio Espiritual, plataforma que concentra denúncias de violações sexuais cometidas por padres, pastores, gurus e congêneres.

Craque na lida com o mundo virtual das redes e com o modus operandi do ativismo real, atraiu mulheres dispostas a contar suas experiências de assédio com Prem Baba e João de Deus. Com o imprescindível apoio das Vítimas Unidas de Roger Abdelmassih, de ativistas espalhados pelo mundo e de jornalistas brasileiros que investigavam tanto o incensado guru quanto o poderoso curandeiro, organizou depoimentos, investigou crimes paralelos, articulou e segue articulando com imprensa e promotores.

Aprendiz de Chico Xavier, João de Deus está preso desde o domingo 16, e contra ele se acumulam até o momento 506 denúncias.

Dono de sete fazendas, atuante no garimpo de pedras preciosas, teve sua casa em Abadiânia (GO) revirada pela Polícia na quarta-feira 19. Foram encontradas uma quantidade vultosa de dinheiro vivo e armas ilegais.

Localizada no meio do caminho entre Brasília e Goiânia, a pequena cidade de Abadiânia é a “cidade de João de Deus”. Com pouco mais de 15 mil habitantes, tudo nela gira, ou girava, em torno da Casa Dom Inácio de Loyola, onde o médium João Teixeira de Faria supostamente operava milagres em “cirurgias” toscas que abdicavam de anestesia.

Com a prisão de João de Deus, os moradores de Abadiânia temem ver a localidade transformada em cidade fantasma, afetando seus negócios. Culpam Sabrina pelo repentino ocaso. Ela diz: “Não tem um Cristo lá que não sabia dos malfeitos do médium. São coniventes”.

Localizada no meio do caminho entre Brasília e Goiânia, a pequena cidade de Abadiânia é a “cidade de João de Deus”. Com pouco mais de 15 mil habitantes, tudo nela gira, ou girava, em torno da Casa Dom Inácio de Loyola, onde o médium João Teixeira de Faria supostamente operava milagres em “cirurgias” toscas que abdicavam de anestesia.

Com a prisão de João de Deus, os moradores de Abadiânia temem ver a localidade transformada em cidade fantasma, afetando seus negócios. Culpam Sabrina pelo repentino ocaso. Ela diz: “Não tem um Cristo lá que não sabia dos malfeitos do médium. São coniventes”.

Ameaçada de morte, Bittencourt vive fora do Brasil sob proteção de organismos internacionais que prestam esse tipo de serviço a ativistas diversos.

Muda de casa a cada 10 ou 12 dias, muda de país sem registrar o ingresso na fronteira.

A seguir, trechos do depoimento da ativista a CartaCapital. A íntegra está na edição impressa de número 1035, nas bancas até a sexta-feira 28.
Abusada pelos religiosos

“É algo endêmico essa absurda quantidade de líderes de várias religiões que abusam de crianças, jovens e, principalmente, mulheres. Desde os quatro anos fui abusada diversas vezes pelos mórmons da igreja que frequentávamos, contra os quais não foi tomada nenhuma providência. O meu caminho foi traçado a partir da dor do outro e da minha dor. Eu sabia desde sempre que tinha privilégios que outros não tinham. Então, para poder me curar dessas dores, fiz trabalho social intensamente por 20 anos.”
O modus operandi das denúncias

“As coisas que faço são muito organizadas. As denúncias contra Prem Baba e João de Deus deram certo porque fui vendo as variáveis de cada um dos grupos. O que interessa para as vítimas? Falar. Aos policiais? Descobrir outros crimes, entre aspas, mais importantes. Para os jornalistas, o furo. Então vou pegando as informações de pessoas de grupos vulneráveis, organizo. Marco o ritmo, o tom e o código ético de como tratar as vítimas daquele líder espiritual.”
Treze novos abusadores

“Jamais imaginei que a partir do lance do Prem Baba eu ia conseguir receber 103 relatos de 13 líderes espirituais diferentes a partir de um único post no Facebook. Com João de Deus, estamos tratando de uma elite, de celebridades, de pessoas que viajam para a Índia, que podem ficar três meses em Abadiânia apenas sendo voluntária. Estrategicamente, vou apresentando os mais favorecidos. Agora, quando consigo mostrar para a sociedade que mesmo João de Deus, que há 40 anos é o intocável, que já mandou matar uma porrada de gente, que é multimilionário, e mesmo assim a gente conseguiu desmascarar, aí as mulheres que são abusadas por pastores e padres, mulheres negras de uma camada menos favorecida, elas vão criar coragem para falar.”

===================================.

***